O surto de coronavírus na China tem sido o tema principal dos mercados financeiros nos dias de hoje. Embora espalhe o medo pela China, para já, a reação do mercado foi limitada, em parte porque é muito difícil estimar as consequências. Nesta análise, destacamos fatores que valem a pena manter debaixo de olho, bem como os principais mercados a ter em atenção.
Uma longa espera até que tenhamos dados concretos.
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Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appA fonte mais óbvia de informação vem do governo chinês, que divulga estatísticas sobre as vendas, produção e comércio internacional. No entanto, há dois problemas com esse facto. Primeiro, os mercados tendem a ser cautelosos com os dados chineses que pareçam demasiado suaves. Num casos destes, a cautela é ainda maior. E em segundo, o impacto inicial do surto só será captado nos relatórios de fevereiro que hão de ser publicados entre 29 de fevereiro (o primeiro PMI) e 16 de março (output, vendas). Esta longa espera deixa os investidores ansiosos, trazendo volatilidade ao mercado.
A China é agora uma economia muito maior do que era durante o surto de SARS. E as estatísticas iniciais de transporte são preocupantes. Fonte: Pesquisa XTB
No entanto, os investidores não estão às cegas na avaliação do impacto económico do vírus. Antes de tudo, já se ouviu falar do encerramento temporário de muitas empresas multinacionais como a Apple, General Motors, Ikea, Starbucks, McDonald's ou Toyota. 18 siderúrgicas chinesas de quatro províncias importantes decidiram reduzir a produção em 30%. Os centros de jogo de Macau foram convidados a fechar por pelo menos 2 semanas. Muitas universidades vão adiar o início do semestre até, pelo menos, março. Os shoppings japoneses registraram uma quebra nas vendas de 5 a 15% y/y durante o Ano Novo Lunar. Embora as evidências sejam numerosas, é muito difícil generalizá-las. Talvez as mais impressionantes sejam as estatísticas de viagens de Ano Novo Lunar, publicadas pelo Ministério dos Transportes. As estimativas iniciais reduziram o transporte ferroviário em cerca de 40%, mas, durante todo o período de férias de 10 dias, chegaram a uma redução de -67% y/y. Já o transporte aéreo caiu em 57%.
Dois parâmetros a acompanhar de perto
Embora existam evidências todos os dias, o desafio é reunir e ponderar os diferentes fatores. Isto fica claro nas primeiras estimativas do impacto no PIB, que variam de 0,6 a 1,1 pontos percentuais. Na nossa opinião, os investidores devem estar atentos a duas coisas: números de infecções e interrupções na produção. A primeira suposição é a de que a expansão do vírus para fora da China será limitada, isto é, que este efeito de estagnação económica não contagiará outras economias. Se essa suposição falhar, as consequências podem ser terríveis. Observar o número de infecções, a suposição parece ser credível - se o aumento da infecção diminuir (o que não tem ocorrido até agora), este será um sinal de que o vírus poderá a estar a ser, eficientemente, contido. As falhas de produção são muito perigosas para a economia chinesa, mas também para os parceiros comerciais. A Hyundai coreana já anunciou uma paralisação devido à escassez de peças. A economia coreana, embora não seja grande, desempenha um papel importante na cadeia de valor agregado da Ásia. A província de Hubei enfrenta já uma paralisação que durará até 14 de fevereiro, enquanto outras províncias devem retornar ao trabalho em 9 de fevereiro. O aumento de interrupções como estas teria um impacto económico apreciável, e os investidores devem acompanhar essas informações de perto.
Uma rotura no fornecimento pode ser muito prejudicial para o Vietnam e para a Coréia do Sul e desencadear um efeito dominó na economia global. Fonte: Pesquisa XTB
Mercados para ter em atenção
O impacto económico do vírus terá um impacto global e afetará a maior parte dos mercados, de maneira mais ou menos direta. No entanto, estes 4 mercados já tiveram grandes vendas e provavelmente vão estar bastante voláteis, dependendo da direção dos parâmetros que discutimos acima:
OIL, OIL.WTI - os preços do petróleo caíram bastante, pois o mercado de petróleo é muito sensível a mudanças no equilíbrio. A China é, de longe, o maior importador líquido de petróleo, responsável por mais de 20% das importações globais. A procura deve diminuir devido à menor atividade comercial e ao colapso do turismo. Isto pode forçar a OPEP a considerar cortes adicionais no fornecimento.
Cobre - o mercado residencial chinês já parecia desafiador antes do surto e, se a economia sofrer um revés, a atividade de construção poderá cair e diminuir a procura por cobre. A China foi responsável por cerca de 50% (!) da procura global de cobre em 2019, portanto, se isso se traduzir numa crise económica geral, os preços poderão afundar.
CHNComp - os lucros das empresas chinesas caíram 6,3% y/y em dezembro, mesmo antes do início do vírus. O índice é a exposição mais transparente da economia chinesa. O nível principal a ser observado neste caso é 9800.
KOSP200 - a economia coreana pode ser seriamente afetada por interrupsões de fábricas na China. O mercado coreano estava a recuperar-se à medida que o setor de semicondutores começava a desenvolver-se, mas agora essa perspectiva ficaram ameaçadas repentinamente. 273 é o principal suporte a ser observado.
André Neto Pires, Analista XTB
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