A agência Fitch decidiu rever em baixa o rating de crédito dos EUA. O que é que isto significa para os mercados? 🔎
A agência Fitch decidiu baixar a notação de crédito dos EUA. O que é que isto significa para os mercados?
A agência Fitch surpreendeu toda a gente ao decidir baixar a rating de crédito dos Estados Unidos de AAA, o nível mais elevado possível, para AA+. É a primeira vez, em pouco mais de 10 anos, que uma agência de notação decide baixar a credibilidade da dívida americana, acabando por prejudicar o sentimento no mercado.
Mas o que está por detrás da decisão da Fitch? Será que outras agências vão decidir rever as suas notações? O que é que isto significa para os mercados e será que os outros países também poderão ser afetados?
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Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appFitch já tinha alertado para esta situação!
Em maio deste ano, a Fitch emitiu um aviso de que poderia haver uma revisão em baixa no rating de crédito se os Estados Unidos não resolvessem a questão do limite da dívida. O problema foi resolvido com o aumento do limite da dívida até ao ano projetado de 2025, mas isso não altera as questões em que a agência Fitch se estava a concentrar. A instituição apontou a deterioração dos padrões de gestão nos EUA nos últimos 20 anos, potenciais problemas fiscais nos próximos três anos e um aumento forte dos custos dos juros nos últimos anos. Em 2020, após o primeiro impacto da pandemia, o custo anual dos juros da dívida americana era de pouco mais de 500 mil milhões de dólares. Agora é de quase 1 bilião de dólares, quase o dobro!
A decisão da Fitch mereceu, naturalmente, a desaprovação das autoridades americanas, nomeadamente da Secretária do Tesouro, Janet Yellen, e do Presidente Joe Biden. Eles sublinharam a força da economia americana, embora as previsões relativas à dívida apontem para um crescimento do seu nível atual de pouco mais de 100% do PIB para quase 200% em 2050!
O que é que podemos retirar dos eventos anteriores?
Em 2011, os Estados Unidos perderam o "estatuto" de triplo AAA. Foi nessa altura que a S&P decidiu baixar a notação e, desde então, nunca mais voltou a subir. Foi uma espécie de marco histórico. Os Estados Unidos deixaram subitamente de estar isentos de riscos, segundo a agência de rating.
O Financial Times escreveu que a decisão da S&P pôs em evidência o enfraquecimento da situação financeira do país mais poderoso do mundo. Entretanto, a revista Time mostrava George Washington com um olho negro na capa, e o título da capa dizia "A Grande Degradação Americana". O mercado reagiu em queda, embora o contexto deva ser recordado - especialmente os problemas fiscais da Europa e os receios de uma desagregação da zona euro. No entanto, o mercado da dívida ignorou largamente este aviso, e os preços das obrigações até ganharam! Este facto esteve associado a entradas de capital em paraísos seguros e, apesar da descida da notação de crédito, a dívida dos EUA continua a ser considerada uma das mais seguras do mundo. O ouro beneficiou bastante e atingiu níveis recorde nessa altura.
O estado da economia era obviamente diferente nessa altura. As taxas de juro ainda estavam a zero e a Fed estava numa fase de QE. Além disso, a crise da dívida europeia estava a decorrer, com um impacto positivo nos ativos dos EUA e, em última análise, o índice S&P 500 dos EUA ganhou cerca de 20% nos 12 meses seguintes à decisão da S&P.
Em 2011, o índice S&P 500 foi o índice americano que reagiu pior e o ouro foi o maior beneficiário, embora isso tenha resultado de uma subida do preço das obrigações. Um mês após a decisão, registámos uma queda de rendimento de mais de 50 pontos base! Como se pode ver, a situação cambial manteve-se estável, embora também tenha resultado dos problemas europeus. Ainda assim, não exista agora uma crise de dívida na zona euro, podemos ver problemas significativos com o abrandamento económico. Fonte: Bloomberg Finance L.P., XTB Research
Será que as outras economias estão em risco?
Há algumas economias que nunca desceram da notação triplo AAA, incluindo a Austrália, a Suécia ou a Alemanha. Por outro lado, houve mudanças negativas de notação na história recente causadas por vários factores. No caso do Canadá, houve um aumento significativo das despesas e, consequentemente, da dívida durante a pandemia provocada pela Covid-19, ao passo que, no caso do Reino Unido, esteve relacionado com o referendo sobre o Brexit. No entanto, verifica-se que, em algumas dezenas de sessões após a descida da notação, não observámos um impacto negativo; muitas vezes, estas obrigações até sobem! Evidentemente, não queremos dizer que uma descida de notação seja positiva para o emitente. No entanto, muitas vezes, essas decisões apenas reflectem mudanças graduais e são tratadas pelos investidores como uma espécie de confirmação e não como uma nova informação "chocante".
O gráfico mostra o desempenho das yields na sequência da revisão em baixa das agência de rating. Fonte: Bloomberg Finance L.P., XTB Research
Qual é que é realmente o impacto desta decisão da Fitch?
A decisão da Fitch pode não ter desencadeado grandes sell-offs no mercado, e mesmo as quedas que observámos até à data são resultado apenas da surpresa da decisão da agência de rating.
No entanto, o atual governo nos EUA acaba por perder credibilidade nos mercados internacionais. Washington terá imediatamente um problema com o financiamento do défice? De certeza que não. O dólar perderá o seu estatuto de moeda de reserva através da Fitch? Certamente que isso também não acontecerá durante muitos anos. A decisão deve ser vista como um sinal de aviso de que, sem mudanças, a hegemonia financeira dos Estados Unidos irá diminuir. Pode até ser o caso de uma política económica sólida, face à concorrência crescente da Ásia. A Fitch, por outro lado, aponta para riscos que podem acelerar a passagem do testemunho da liderança. É assim que entendemos que esta decisão deve ser encarada.
Equipa de Research XTB
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