Até quando poderá a televisão por cabo existir?
Nos últimos anos, o panorama do entretenimento tem sido profundamente transformado pelo crescimento das plataformas de streaming, que estão a conquistar uma fatia cada vez maior do mercado (quota de mercado), em detrimento dos meios de comunicação convencionais, como a televisão. Este movimento não é apenas uma mudança tecnológica, mas sim uma revolução nos hábitos de consumo. De facto, impulsionados pela conveniência, personalização e vasta oferta de conteúdos oferecidos por serviços como Netflix, Amazon Prime, HBO Max, YouTube, Apple TV, entre outros, os consumidores estão a optar, cada vez mais, por assistir ao que querem, quando querem, e em qualquer dispositivo.
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Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appConsequentemente, as empresas de streaming têm conseguido consolidar rapidamente a sua posição no mercado, enquanto as emissoras de TV por cabo e os canais tradicionais vêem-se forçados a adaptar-se a esta nova realidade. Além disso, a capacidade destas plataformas de oferecer uma experiência de visualização sem interrupções e altamente personalizada em qualquer lugar, agrava ainda mais o desafio para os meios de comunicação convencionais.
Netflix
A Netflix tem vindo a ganhar popularidade entre os utilizadores de streaming e TV a nível mundial. Nos últimos resultados do segundo trimestre de 2024, a empresa apresentou o número de subscritores com acesso pago ultrapassando os 277 milhões, tendo atingido um novo recorde, assumindo uma posição de líder mundial. Ao contrário da maior parte da concorrência, a Netflix é focada inteiramente na produção de conteúdo para o streaming.
Número de subscritores pagos da Netflix a nível mundial em milhões. Fonte:Statista
Disney+
Todos nós conhecemos a Disney, principalmente pelos filmes de animação e pelos seus parques temáticos por todo o mundo. Adicionalmente, a Disney quis entrar no mercado de streaming a partir do Disney+ e pela Hulu, empresas que se dedicam inteiramente a passar conteúdo concorrente aos canais de TV. Os investidores ficaram reticentes sobre o potencial do Disney+, depois do seu crescimento ter sido mais fraco que os seus concorrentes. Neste momento, a empresa mostra que continua a ser uma alternativa no mercado com mais de 150 milhões de utilizadores em todo o mundo, embora o seu crescimento de subscritores continue um pouco estagnado.
Número de subscritores pagos da Disney+ entre 2020 e 2024 2ºT a nível mundial em milhões. Fonte:Statista
Amazon Prime
A Amazon, a gigante do retalho, também entrou no negócio do streaming a partir da Amazon Prime. O crescimento do conteúdo e do número de utilizadores tem sido notório para a empresa que no ano passado fechou com mais de 230 milhões de utilizadores em todo o mundo. A boa reputação da empresa e a sua capacidade para diversificar negócios tem gerado frutos, sendo uma das principais plataformas de streaming da atualidade.
Número de subscritores pagos da Amazon entre 2016 e 2023 a nível mundial. Fonte:Yaguara
HBO Max
Depois da fusão entre a Discovery Warner Bros e a HBO, foi criado o Max. Uma plataforma de streaming que continua conhecida pelas suas séries icônicas como “South Park” ou “Game of Thrones”. Após a fusão, o crescimento dos seus subscritores têm vindo a aumentar e já ultrapassaram os 100 milhões em todo o mundo com a inclusão do HBO, HBO MAX, DiscoveryPlus
Número de subscritores pagos da Max, HBO Max, Discovery Plus, entre 2021 e 2024 a nível mundial. Fonte:Statista
O impacto financeiro das plataformas de streaming nas empresas de media tradicionais é inegável e tem-se acentuado nos últimos anos. À medida que os serviços de streaming, como Netflix, Amazon Prime, HBO Max e YouTube continuam a ganhar terreno, as receitas das emissoras de televisão tradicionais e dos fornecedores de TV por cabo estão a sofrer uma redução significativa.
Em primeiro lugar, a crescente popularidade do streaming tem levado a uma diminuição constante no número de assinantes de TV por cabo. Esta tendência resulta na perda de receitas de subscrição para as empresas tradicionais, que outrora dependiam fortemente desse modelo de negócio. Com menos pessoas a subscreverem pacotes de televisão por cabo, as receitas caem, e as empresas enfrentam desafios acrescidos para manter a sua base de clientes e justificar o preço dos seus pacotes.
Além disso, a migração dos anunciantes para as plataformas de streaming e online representa outro golpe nas finanças das empresas tradicionais. Com os consumidores a passarem mais tempo em plataformas de streaming e menos em televisão linear, os anunciantes estão a redirecionar os seus orçamentos publicitários para onde podem alcançar um público maior e mais segmentado. Este desvio de investimentos publicitários enfraquece ainda mais a posição financeira das emissoras de TV, que dependem fortemente da publicidade como fonte de receita.
Por outro lado, as empresas de media tradicionais que tentaram competir com os gigantes do streaming, lançando os seus próprios serviços de streaming também estão a sofrer na pele esses investimentos. Apesar dos investimentos substanciais em conteúdo original e em tecnologia de streaming, muitas destas empresas não conseguiram alcançar o mesmo nível de sucesso, levando a margens de lucro mais reduzidas e a maiores pressões para gerar retorno sobre o investimento.
Análise ao desempenho das empresas cotadas em Bolsa
Netflix (NFLX) +40.1%
A Netflix apresenta o desempenho mais forte em termos anuais, com uma valorização de +40.1%. Este crescimento é indicativo da resiliência da empresa face à crescente concorrência no setor de streaming e o seu aumento contínuo dos lucros. O aumento pode ser atribuído a uma combinação de fatores, incluindo a expansão do seu catálogo de conteúdo original, estratégias eficazes de retenção de assinantes e a sua recente entrada em novos mercados. A gestão eficaz das controvérsias em torno do compartilhamento de contas também pode ter contribuído para esta performance positiva.
Fox Corporation (FOX) +34.26%
A Fox Corporation também registou um desempenho impressionante, com um crescimento de +34.26%. Este desempenho sugere que a empresa conseguiu navegar com sucesso no mercado, talvez beneficiando de sua forte presença em notícias e desportos ao vivo, segmentos que continuam a atrair um público fiel, mesmo à medida que o streaming ganha força. A Fox pode estar a capitalizar em seus ativos diferenciados, que não são facilmente replicáveis pelas plataformas de streaming ou por outras companhias televisivas.
Alphabet (Google) +19.62%
A gigante Google subiu mais de 19% desde o início do ano e o crescimento do youtube é constante. Podemos dizer que é difícil acreditar num mundo sem o Youtube, os anúncios gerados e a quantidade de subscritores que pagam o Youtube premium tem sido uma fonte de receitas notável para a empresa. Temos que ter noção que a Google não vive apenas do youtube, mas este continua a fazer parte das principais fontes de receita para a Google.
Amazon (AMZN) +16.53%
A Amazon, com um aumento de +16.53%, demonstra um crescimento sólido, refletindo a força do ecossistema Prime, do qual o Prime Video faz parte. Embora não seja exclusivamente uma empresa de streaming, a integração dos serviços de streaming com o e-commerce e outros benefícios do Prime continua a ser uma fórmula eficaz para retenção e crescimento de assinantes. O desempenho da Amazon pode tambem estar vinculado ao sucesso da sua expansão no mercado de conteúdo original e na diversificação das suas fontes de receita.
Disney (DIS) -0.64%
Disney, por outro lado, teve um desempenho ligeiramente negativo, com uma queda de -0.64%. Apesar de um crescimento inicial forte com o lançamento do Disney+, a pressão de manter um pipeline constante de conteúdo de alta qualidade para competir com Netflix e Amazon pode estar a pesar sobre a empresa. No entanto, vale a pena lembrar que o número de utilizadores subiu nestes últimos 2 trimestres e a sua fraqueza em bolsa pode ser relacionada com as outras atividades da empresa, como os parques temáticos.
Paramount Global (PARA) -24.94%
A Paramount Global, com uma queda de -24.94%, demonstra as dificuldades enfrentadas por empresas que, embora estabelecidas, estão a tentar reposicionar-se num mercado dominado por gigantes do streaming. A empresa pode estar a lutar para encontrar uma estratégia clara e eficaz para competir, especialmente à medida que os consumidores continuam a migrar para plataformas com bibliotecas de conteúdo mais robustas e marcas mais fortes.
Warner Bros. Discovery (WBD) -34.89%
No caso da Warner Bros Discovery apresenta o pior desempenho desde o início do ano, com uma queda significativa de -34.89%. Esta queda acentuada pode ser atribuída a várias dificuldades, incluindo a integração complexa das operações após a fusão e a concorrência feroz no mercado de streaming. Apesar de um forte portfólio de conteúdo, os desafios em alinhar operações e a pressão para produzir conteúdo lucrativo estão a afetar negativamente a percepção e o desempenho da empresa no mercado. Ainda assim, o número de utilizadores tem vindo a crescer após a fusão. Contudo, os dados fundamentais da empresa apresentam riscos de insolvência, o que claramente deve estar a pesar no preço das suas ações.
Analise Fundamental
Depois de olharmos para as valorizações em bolsa e para a evolução dos utilizadores das plataformas de streaming, vamos agora olhar mais de perto para as métricas financeiras da Netflix e da Warner Bros Discovery, pois podem ser consideradas o benchmark desta análise.
Os dados fundamentais apresentam que a empresa continua com: margem operacional sólida, receitas em máximos históricos crescentes e lucros em subida comparando com os mesmos períodos do ano anterior. Já no que diz respeito à solvabilidade, o capital próprio continua a subir e a dívida líquida continua a baixar, o que deixa a empresa numa situação confortável a curto-prazo.
Já olhando para a concorrência como a Warner Bros Discovery, podemos ver que:
A empresa tem piorado as suas métricas fundamentais de forma preocupante, visto que já não tem um trimestre positivo em termos de lucro desde o 1ºT de 2022 e a inclusão de imparidades no balanço está a deixar a empresa numa situação financeira cada vez mais delicada, visto que a WBD apresentou prejuízos quase 10x superiores ao trimestre anterior, o capital próprio da empresa pela primeira vez desce abaixo do total de dívida o que representa claramente um risco de insolvência para o futuro. Para além disso, as receitas também continuam estagnadas e as margens líquidas negativas, o que dificulta a melhoria das contas para a empresa.
Podemos assumir que as empresas de streaming estão a esmagar aquelas que não se conseguem adaptar?
Quando comparamos o desempenho das empresas em bolsa ao longo dos últimos anos e os seus dados fundamentais, vemos que a competição no sector tem aumentado e empurrado algumas empresas para situações delicadas. Vejamos que no exemplo da WarnerBros Discovery, umas das maiores empresas ligadas à transmissão de conteúdo na TV e de streaming, já desvalorizou desde Março de 2021 mais de 90% e está próxima de mínimos. Para além disso, a situação financeira está a entrar numa situação mais delicada e que se não for invertida poderá condicionar as operações da empresa. Enquanto que alguns players, como a Netflix continuam a prosperar aumentando as suas receitas, número de utilizadores, margens e lucros. Deste modo, caso as empresas ligadas à transmissão de conteúdo na TV não se desafiem e não se adaptem, as perspectivas futuras são pouco animadoras.
Desempenho dos últimos 5 anos. Fonte: Koyfin
Autores:
Henrique Tomé
Vitor Madeira
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