A França enfrenta atualmente uma grave crise política depois de o governo do Primeiro-Ministro Michel Barnier ter sido destituído por um voto de desconfiança, confirmando o que muitos consideravam inevitável. Com 331 votos contra, Barnier foi obrigado a demitir-se, mergulhando o país na instabilidade. Este vazio político faz lembrar o caos que caracterizou a Quarta República e revela as vulnerabilidades do sistema da Quinta República, concebido para um presidente forte com uma maioria parlamentar. A situação atual evidencia a disfuncionalidade do sistema quando esse equilíbrio é quebrado. Consequentemente, a França pode estar a caminhar para eleições legislativas em junho de 2025 e, potencialmente, até para uma corrida presidencial, uma vez que a autoridade de Macron está enfraquecida.
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Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appGoverno temporário e revisão do orçamento
No imediato, o governo funcionará sob uma administração interina. Isto significa que não serão implementadas novas leis ou reformas importantes. Em vez disso, uma lei especial irá rever o orçamento de 2024, permitindo ao Governo efetuar os ajustamentos necessários, como o ajustamento anual dos escalões do imposto sobre o rendimento, o que evitará aumentos de impostos que poderiam sobrecarregar milhões de famílias. No entanto, esta medida paliativa significa que não serão lançadas quaisquer reformas fiscais significativas ou novos programas de despesa pública. O novo governo, uma vez nomeado, só poderá gerir as operações quotidianas e dar resposta a preocupações urgentes, mas não terá o mandato ou a estabilidade política necessários para fazer avançar quaisquer mudanças importantes.
Impacto financeiro e desafios económicos
A nível financeiro, embora a recondução do orçamento conduza a uma ligeira redução do défice, esta é ainda insuficiente para cumprir os objectivos fixados pela União Europeia. A situação da dívida do país continua a ser precária e a diferença entre as taxas de juro das obrigações do Tesouro francesas e alemãs pode continuar a aumentar, embora seja pouco provável que conduza a uma crise financeira em grande escala devido à proteção oferecida pela zona euro. Apesar disso, a paralisia política terá consequências reais para a economia francesa. Prevê-se que o crescimento continue a abrandar, o que irá agravar os desafios no mercado de trabalho, e a atual instabilidade irá colocar uma pressão adicional sobre as finanças públicas. A combinação de um crescimento lento e de um défice crescente tornará mais difícil para a França cumprir os seus compromissos orçamentais a longo prazo.
Perspectivas de investimento: Incerteza e prudência
Do ponto de vista do investimento, a ausência de um orçamento e o abandono dos aumentos de impostos propostos pela coligação de esquerda são vistos como relativamente positivos para os aforradores. Não haverá um aumento imediato dos impostos sobre o rendimento nem alterações ao imposto fixo (PFU), o que significa que os rendimentos dos investidores permanecerão protegidos a curto prazo. A expetativa de descida das taxas de juro em toda a zona euro também irá provavelmente apoiar as condições de investimento no mercado europeu em geral. No entanto, as empresas francesas - em especial as que dependem do mercado interno - continuarão a enfrentar desafios, com os preços das suas acções provavelmente pressionados pela atual incerteza política e económica. Consequentemente, o ambiente de investimento continuará provavelmente a ser de cautela e volatilidade, uma vez que os mercados aguardam a resolução da crise política.
A procura de um novo Primeiro-Ministro
Como Macron enfrenta agora a tarefa de nomear um novo primeiro-ministro, a incerteza em torno deste processo acrescenta outra camada de imprevisibilidade. Macron tem um historial de fazer nomeações políticas inesperadas e alguns nomes já circulam em Paris como potenciais candidatos a assumir o cargo. Entre os principais candidatos estão Bernard Cazeneuve, um antigo primeiro-ministro que poderia ajudar a fraturar a oposição de esquerda; Sébastien Lecornu, um leal a Macron dos Republicanos de centro-direita; François Bayrou, um centrista e aliado-chave de Macron; e Jean Castex, um antigo primeiro-ministro conhecido pelo seu estilo de liderança pragmático. Independentemente da escolha, o novo primeiro-ministro herdará um governo com capital político limitado, incapaz de introduzir as reformas ousadas necessárias para enfrentar os desafios fiscais e económicos da França. Entretanto, a falta de uma direção clara da liderança continuará a impedir qualquer progresso significativo.
A determinação de Macron e o futuro da França
Le Pen, líder do Rally Nacional de extrema-direita, já se pronunciou sobre o futuro de Macron, sugerindo que o Presidente deve decidir se o seu orgulho vale a pena sacrificar o futuro do país. Apesar das suas críticas, Macron mantém-se determinado a cumprir o seu mandato, afirmando que tenciona exercer todo o seu mandato até 2027. No entanto, é provável que esta posição seja posta à prova, uma vez que o vazio político continua a crescer e a sua capacidade de governar eficazmente está sob pressão crescente.
Conclusão: Incerteza para a França
Globalmente, este período de paralisia política em França tem sérias implicações tanto para a economia nacional como para os mercados financeiros. Embora os riscos imediatos de uma crise financeira sejam baixos, a incerteza prolongada é suscetível de pesar fortemente sobre a economia, abrandar o crescimento e reduzir a confiança dos investidores. Com as próximas eleições em 2025 ainda muito distantes, o país enfrenta um período prolongado de instabilidade política que será um desafio tanto para os decisores políticos como para o público. Os investidores, entretanto, manter-se-ão cautelosos, navegando num período de incerteza até que surja um ambiente político mais estável.
Os investidores continuam a ser bastante complacentes com o mercado obrigacionista francês: apesar do acontecimento de ontem, o rendimento francês a 10 anos desceu 0,55% e o diferencial entre as obrigações francesas e alemãs a 10 anos está a diminuir 4,28%, hoje. O CAC 40 parece bem orientado para a área de suporte 6600-6950, no entanto. Fonte: xStation.
Por Antoine Andreani, Diretor de Pesquisa da XTB França.
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