O governo de Michel Barnier sobreviverá ao Natal?
Esta é a questão que está a agitar os meios de comunicação social e os círculos políticos há vários dias. Marine Le Pen, líder do Rally Nacional (extrema-direita), ameaçou explicitamente derrubar o Governo se este recorrer ao artigo 49-3 da Constituição para aprovar sem votação o orçamento para 2025. Esta ameaça baseia-se nas medidas de austeridade anunciadas pelo executivo, incluindo o adiamento por seis meses do ajustamento das pensões e a normalização dos impostos sobre a eletricidade, após o fim do benefício no preço da energia.
Esta declaração provocou uma onda de choque no mercado obrigacionista: o diferencial entre a dívida francesa e alemã atingiu 84,1 pontos de base (0,841%), um recorde desde a crise da zona euro. Este diferencial ultrapassou agora o da Grécia (83,8 pb) e o de Espanha (74 pb). Já enfraquecida pela instabilidade política causada pela dissolução parlamentar do verão passado, a bolsa francesa está a ter um desempenho inferior ao da sua congénere alemã. Um novo episódio de crise política, combinado com a incapacidade de aprovar um orçamento, poderá mergulhar o país numa crise financeira de uma dimensão sem precedentes desde a crise da zona euro.
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Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appPara piorar a situação, a agência de notação Standard & Poor's deverá emitir o seu veredito sobre a solvabilidade da França na sexta-feira, 29 de novembro. A descida da notação de “estável” para “negativa” parece agora inevitável.
Défice e despesas públicas fora de controlo
Com um défice orçamental de 6,1% do PIB em 2024 e um objetivo de 5% para 2025, a França continua a ser um dos países mais deficitários da zona euro. O Estado está inchado, com a despesa pública a representar 57% do PIB, quase metade da qual se destina a despesas sociais. Esta situação parecia sustentável quando a França se podia esconder sob o guarda-chuva da Alemanha, mas agora que o seu vizinho também está a enfrentar dificuldades, o governo tem de reunir coragem para fazer escolhas difíceis mas necessárias.
Embora os cortes nas despesas propostos por Michel Barnier apontem na direção certa, podem revelar-se largamente insuficientes. Por exemplo, as despesas com pensões, a maior rubrica do orçamento de Estado, beneficiam um grupo etário que já é o mais rico da população - um caso único a nível mundial, com exceção do Japão. Teria sido mais sensato considerar a possibilidade de limitar as pensões mais elevadas, aumentando simultaneamente as mais pequenas, o que teria permitido poupar despesas com quem não precisa delas, continuando a ajudar os mais vulneráveis.
Pressão crescente sobre as taxas de juro
O rendimento das obrigações francesas a 10 anos é atualmente de 3,018%. Esta taxa está a formar um padrão triangular, com um nível de resistência chave em 3,166%. Se este limiar for definitivamente ultrapassado, em particular devido ao contágio do mercado obrigacionista dos EUA associado às políticas de Donald Trump, os rendimentos poderão subir para 3,604%. Um tal aumento seria prejudicial para as finanças públicas francesas, tornando o refinanciamento da dívida significativamente mais difícil.
Por outro lado, se Michel Barnier conseguir aprovar as suas reformas e manter o seu governo unido até 2025, as taxas poderão baixar, ficando abaixo dos 2,768%, com um objetivo de 2,643%.
Investidores no limite
Não há dúvida de que a atenção dos investidores se manterá centrada na cena política francesa durante o mês de dezembro. Cada notícia, positiva ou negativa, poderá desencadear fortes reacções do mercado. A estabilidade económica e a credibilidade financeira do país estão em jogo nas próximas semanas.
Matéis Mouflet, Analista de Mercados, XTB França
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