Enquadramento Macroeconómico
A economia mundial deverá manter um ritmo de crescimento moderado até 2026. Na zona euro, segundo as projeções de setembro do BCE, o PIB mundial deverá ficar nos 3,1% A/A entre 2024 e 2026, com ligeiras revisões em alta face às últimas projeções de junho. A estabilidade do crescimento global reflete uma ligeira recuperação nas principais economias, enquanto nas economias emergentes se espera uma desaceleração do PIB. As projeções de setembro do BCE indicam uma aceleração da atividade económica na Zona Euro, embora a um ritmo mais fraco face às projeções do banco em junho.
No lado do consumo privado, a recuperação esperada ao longo do segundo trimestre de 2024 não se concretizou, tendo as perspetivas para a segunda metade do ano sido revistas em baixa, resultado das políticas monetárias que persistem restritivas (apesar dos juros estarem a começar a baixar). O indicador PMI (Purchasing Managers’ Index), que serve para medir a atividade económica nos setores vitais da economia (serviços e indústria) na Zona Euro voltou a dar sinais de fraqueza nos últimos meses, apontando para uma estagnação do PIB no terceiro trimestre, com destaque para a fraqueza da atividade em França e na Alemanha (como se pode ver no gráfico abaixo). Ainda assim, as projeções de setembro apontam para uma recuperação da atividade económica na Zona Euro, sustentada pelo crescimento do consumo privado. Em termos anuais, o PIB da área do euro deverá crescer 0,8% em 2024, 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026. Esta evolução está associada à recuperação do rendimento disponível real, ao aumento da procura externa e ao alívio das condições financeiras, através da redução das taxas de juro .
Comece a investir hoje ou teste gratuitamente uma conta demo
Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appEvolução da atividade económica nas principais economias mundiais, excluindo a economia chinesa. Fonte: Bloomberg
No caso português, a economia tem se demonstrado resiliente e quando olhamos para alguns indicadores económicos importantes, vemos que a economia nacional tem recuperado mais que a média europeia em alguns indicadores.
Começando pela inflação, em agosto de 2024, a taxa de variação anual do IPC foi estimada em 1,9%, uma desaceleração em relação aos 2,5% registados em julho de 2024. A inflação subjacente, que exclui produtos energéticos e alimentares não transformados, manteve-se estável em 2,4%. A taxa de variação dos preços da energia caiu para -1,4%, uma descida acentuada face aos 4,2% de julho, impulsionada pela redução dos preços dos combustíveis e pela base de comparação com agosto de 2023. Os preços dos alimentos não transformados também desaceleraram, com uma taxa de variação anual de 0,8% comparada aos 2,8% do mês anterior. Em termos mensais, o IPC registou uma variação de -0,3% (em comparação com -0,6% em julho de 2024). A média dos últimos 12 meses foi estimada em 2,3%, ligeiramente abaixo dos 2,5% do mês anterior.
Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), o segundo trimestre de 2024 registou um crescimento de 1,5% em termos homólogos (comparação com o mesmo trimestre de 2023) e de 0,1% face ao trimestre anterior. Este crescimento foi sustentado principalmente pela procura interna, com o investimento e o consumo privado a acelerarem, embora o contributo da procura externa líquida (exportações menos importações) tenha sido negativo, devido ao aumento das importações a um ritmo superior ao das exportações.
Evolução da inflação (medida através do indicador IPC geral em termos homólogos) em comparação com o crescimento da economia (PIB). No gráfico conseguimos ver que a inflação tem vindo a descer de forma acelerada ao longo dos últimos 2 anos, ao mesmo tempo que o crescimento económico tem também abrandado devido às políticas monetárias mais restritivas.
Fonte: INE
No mercado de trabalho, em julho de 2024, a taxa de desemprego situou-se em 6,2%, uma ligeira descida em relação a junho e abril de 2024, mantendo-se estável face a julho de 2023. A população desempregada foi estimada em 331,8 mil pessoas, refletindo uma redução em comparação com os três meses anteriores. A população empregada caiu ligeiramente para cerca de 5,04 milhões de pessoas em comparação com o mês anterior, com um decréscimo de 0,1%. Por outro lado, a população inativa aumentou para cerca 2,55 milhões de pessoas, com uma subida de 1,1% face a junho de 2024. Estes dados indicam uma ligeira queda nas condições do mercado de trabalho.
O investimento aumentou 4,4% em termos homólogos, com a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) a crescer 2,8%, impulsionada por setores como o de equipamento de transporte. O consumo privado também acelerou, crescendo 1,5% (face a 0,6% no trimestre anterior), com um aumento no consumo de bens não duradouros e uma menor queda no consumo de bens duradouros.
No que toca à dívida pública, os últimos dados referem que a dívida situou-se em 100.5% do PIB no 1º trimestre deste ano, um aumento ligeiro em comparação com o 4º trimestre de 2023 que se encontrava nos 99.1%, aumentando em valor absoluto 2,4 mil milhões de euros.
Em relação aos gastos do estado, em 2023 Portugal gastou cerca de 85 mil milhões de euros ao longo do ano com todos os encargos ligados ao estado, este ano a previsão de gastos segundo os dados do Governo é de 93.1 mil milhões de euros, um acréscimo notável de mais de 8 mil milhões de euros, cerca de mais 10% em comparação com com o período anterior. Este impulso nos gastos do estado deverá levar o défice orçamental a aumentar, mas por outro lado deverá auxiliar o crescimento económico.
A receita fiscal prevê-se que seja de cerca de 86 mil milhões de euros, equivalente a 31.75% do PIB para 2024, um acréscimo de 2.38pp em relação aos cerca de 78 mil milhões arrecadados em 2023, a carga tributária continua a aumentar em função do PIB em Portugal. Estes números atingidos podem ter impacto no investimento das empresas e no consumo das famílias, já que a carga tributária está a atingir níveis que em função dos salários médios podem comprometer a poupança, investimento e consumo.
Em relação aos encargos com a dívida nacional, os últimos dados do orçamento de Estado (ainda provisórios) estimam um aumento dos encargos com os juros da dívida pública num acréscimo de 500 milhões de euros (face ao valor de 2023), subindo 300 milhões de euros em 2025 (face a 2024).Os últimos dados de 2023 anunciaram que a despesa com juros foi de 6,9 mil milhões de euros.
Variação da carga fiscal e do PIB entre 2010-2023
A carga fiscal em função do PIB continua a crescer de forma impressionante, ainda que a um ritmo mais lento. Não obstante, a carga fiscal continua em máximos dos últimos 10 anos. Fonte: INE
Situação macroeconómica portuguesa em comparação com a Zona Euro
Tabela referente à situação macroeconómica portuguesa e Zona Euro. Fonte: INE e Eurostat
Notas:
O setor do turismo contribuiu quase metade do crescimento do PIB em 2023. O PIB do turismo aumentou 15,2% face a 2022 e 33,1% face a 2019, em termos nominais.
De acordo com os últimos dados fornecidos pelo INE, podemos verificar que os valores do Indicador de Confiança entre Consumidores apresentou algumas oscilações entre maio e setembro de 2024.
Em maio, o ICC estava a -17,6 (refletindo uma baixa confiança) e foi diminuindo este valor, o que demonstra um aumento de confiança por parte dos consumidores. É possível observar que no mês de junho já houve uma melhoria uma vez que o valor do ICC estava a -16,5% e em julho tivemos um aumento significativo passando para -12,3%. No entanto, em agosto existiu uma queda deste valor para -14,1% o que sugere uma redução da confiança dos consumidores.
Contudo, os dados de setembro já demonstram que o indicador voltou a melhorar, aumentando para -12,8%.
Assim, podemos afirmar que em Portugal a confiança do consumidor apesar de ter sofrido alguma quebra em agosto continua a melhorar.
Indicador de confiança dos consumidores e componentes. Fonte: INE
Em conclusão, Portugal cresceu mais do que a média europeia, segundo os dados da pordata podemos verificar que Portugal teve uma taxa de crescimento real do PIB de 2,5% face ao ano anterior, colocando-se assim em 4º lugar no ranking da UE. Conseguimos também entender que Portugal teve um crescimento da produção acima da média oriundo do turismo, passando nessa altura a ser um setor fundamental da economia. Isto realça algumas preocupações, visto que é um setor volátil e de modas, que pode alterar-se rapidamente Além disso, o turismo cria inflação na restauração, hotelaria e nas casas/rendas, o que pode ser prejudicial para a população residente. Como resultado, temos vindo a observar uma emigração em massa dos jovens que veem a sua qualidade de vida a estagnar ou diminuir, mesmo numa altura em que a produção nacional continua a subir.
Já no caso europeu, os dados macro têm demonstrado uma fraqueza, principalmente a nível industrial, pelos motores da economia europeia como a França e Alemanha. Nesta altura, os PMIs começam a dar os primeiros sinais de recuperação, sendo que as perspectivas do mercado são para que a recuperação continue nos próximos anos a um ritmo lento.
No que toca ao resto do mundo, existem alguns países emergentes que demonstraram abrandamentos no crescimento económico, como o caso da China. Nesta altura, o otimismo do mercado também visa a recuperação económica fruto das políticas governamentais e do PBoC, que anunciaram um pacote de estímulos com vista a fomentar o aumento da produção.
Por fim, temos que entender que atravessamos um período pós inflacionário onde as economias desenvolvidas (com excepção do Japão) estão nesta altura numa situação de taxas de juro elevadas. Assim, existem políticas monetárias restritivas que têm condicionado em parte a recuperação económica, mas que espera-se que comecem a ficar cada vez mais suaves (baixar a taxa de juro) ao longo dos próximos meses/anos, impulsionando a economia pela via do crédito e pelos gastos do estado.
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