A Alphabet divulgará hoje, após o fechamento do mercado, seu relatório de resultados do 1º trimestre de 2025. Este será o segundo balanço entre os chamados "Sete Magníficos", após a Tesla, que apesar de resultados decepcionantes, subiu após notícias de maior envolvimento de Elon Musk nas operações da empresa.
Diante da ampla fraqueza entre as principais empresas de Big Tech (todas sofreram quedas superiores às do mercado americano mais amplo desde o início do ano), o resultado da Alphabet hoje será um teste importante de como a empresa está operando em um novo ambiente dominado pela incerteza. Durante a divulgação de hoje, não apenas os dados financeiros serão importantes, mas também a mensagem da diretoria sobre se a Alphabet está navegando com segurança pelas águas turbulentas desse cenário de mercado incerto.
Do ponto de vista técnico, pode estar se formando um padrão de fundo duplo no gráfico da Alphabet. Se os resultados surpreenderem positivamente e o preço das ações subir acima do nível de US$ 160,77, isso poderá sinalizar uma reversão da tendência de baixa que vem afetando as ações da gigante de tecnologia desde o início de 2025. Fonte: xStation
Sentimento do mercado antes dos resultados
A ação sobe cerca de 2% na sessão de hoje antes da divulgação dos resultados, indicando algum otimismo. Em dois dos últimos quatro trimestres, as ações da Alphabet também subiram antes do relatório.
Apesar da queda no acumulado do ano, o sentimento dos analistas permanece otimista. Embora a proporção de recomendações de "compra" tenha caído ligeiramente desde o início de 2025, ainda está acima de 80%. Além disso, apesar da redução no preço-alvo médio, este ainda está acima de US$ 200, atualmente em US$ 202,96. A diferença entre o preço-alvo de 12 meses e a avaliação atual permanece elevada em relação ao último ano, um pouco abaixo do pico local de setembro de 2024. Curiosamente, um spread igualmente amplo também foi observado perto do fundo local naquela época.
Fonte: Bloomberg Finance L.P.
Projeções financeiras do 1T25
O mercado espera que a Alphabet registre receita de US$ 89,1 bilhões (+11% a/a). O lucro operacional deve atingir US$ 28,58 bilhões (+12% a/a). Esse crescimento mais forte do lucro implica uma ligeira melhora na margem, para mais de 32,08% (+0,45 p.p.). O controle de custos será um dos maiores desafios da Alphabet neste ambiente. Enquanto sustentar o crescimento da receita parece menos arriscado, administrar despesas — especialmente diante dos planos intensivos em capital para IA — pode ser complicado.
Os investidores estão particularmente sensíveis a mudanças no lucro operacional. No entanto, resultados mais fracos podem não desencadear uma forte venda se a administração comunicar a capacidade de manter e melhorar a rentabilidade no longo prazo.
O consenso espera um lucro por ação ajustado de US$ 2,01, um aumento de 6% a/a.
Fonte: Bloomberg Finance L.P., XTB Research
Segmentos em destaque
Entre os segmentos de negócios, o Google Cloud será acompanhado de perto, ainda atuando como motor de crescimento. Os investidores também focarão na dinâmica do segmento de publicidade. Embora cresça a um ritmo menor que o Cloud, a publicidade ainda representa mais de 70% da receita total da Alphabet e pode ser vulnerável à incerteza geopolítica.
Fonte: Bloomberg Finance L.P., XTB Research
Segmento de Cloud continua no radar
A Alphabet está em um ponto crítico. Com concorrentes sinalizando uma desaceleração na expansão de data centers diante da crescente incerteza, a Alphabet pode adotar uma estratégia cautelosa (que pode restringir o crescimento) ou buscar ganhar participação de mercado com uma postura mais agressiva.
A segunda abordagem seria mais arriscada e cara, podendo afetar negativamente a margem operacional do segmento. No entanto, seria um investimento para fortalecer a posição no futuro.
Os investidores observarão não apenas os resultados do trimestre, mas também a perspectiva futura e o tom da administração em relação ao negócio de Cloud.
A receita esperada para o segmento de Cloud no 1T25 é de US$ 12,32 bilhões — o maior resultado trimestral da história da empresa. No entanto, espera-se que o lucro operacional caia ligeiramente em relação ao trimestre anterior, mas permaneça acima de US$ 1,94 bilhão, mais que o dobro do resultado do 1T24.
Fonte: Bloomberg Finance L.P., XTB Research
Tarifas continuam em foco
Um dos principais temas durante a teleconferência será o impacto das tarifas e da incerteza macroeconômica sobre as operações da empresa. Entre as grandes de tecnologia, a Alphabet tem demonstrado maior resiliência às turbulências geopolíticas e frequentemente se recupera mais rapidamente após períodos de instabilidade.
No momento, a Alphabet não parece estar em situação muito melhor que suas pares, com suas ações caindo cerca de 17% no acumulado do ano — posicionando-a no meio do grupo “Sete Magníficos”.
O primeiro passo para reconquistar a confiança dos investidores será esclarecer o escopo e impacto das tarifas e da incerteza geopolítica sobre as operações da empresa. Espera-se, portanto, que hoje surjam perguntas sobre o quão fortemente as tarifas afetarão os negócios da Alphabet. Vale ressaltar que o impacto direto pode ser limitado, mas o efeito indireto — refletido na disposição dos clientes da Alphabet em gastar com publicidade — é significativo, considerando que a publicidade representa grande parte da receita da empresa.
IA – ameaça ou oportunidade?
Outro ponto-chave do relatório será esclarecer se o crescimento do setor de IA representa uma oportunidade ou uma ameaça crescente para a Alphabet. Embora o modelo Gemini da Alphabet seja um forte competidor no mercado, é importante notar que o avanço contínuo de modelos de IA — que vêm ganhando usuários rapidamente — pode representar um risco para a principal fonte de receita da empresa: o Google Search.
Até agora, o Google é o líder indiscutível no mercado de mecanismos de busca, mas mudanças nos hábitos dos usuários e o rápido desenvolvimento de ferramentas alternativas podem alterar significativamente esse cenário.
Como resultado, os investidores buscarão sinais claros na fala da administração sobre se o Gemini é suficiente para proteger o principal segmento de receita da empresa.
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