As ações da CrowdStrike Holdings Inc. (CRWD.US) caíram 6% ontem (05.03.2025) após a previsão de lucros decepcionante da líder em cibersegurança, destacando os desafios contínuos após a falha de software do ano passado, que afetou milhões de sistemas Windows em todo o mundo.
Embora tenha apresentado fortes resultados no quarto trimestre do ano fiscal de 2025, com receita acima das expectativas, a projeção de lucratividade para o ano fiscal de 2026 ficou bem abaixo das estimativas dos analistas, gerando preocupações sobre sua trajetória de recuperação e posição competitiva.
Receita e Lucratividade: A CrowdStrike reportou uma receita de US$ 1,06 bilhão no 4º trimestre, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior, superando as expectativas dos analistas de US$ 1,04 bilhão.
A empresa registrou um EPS ajustado de US$ 1,03, acima da estimativa consensual de US$ 0,86.
A Receita Recorrente Anual (ARR) atingiu US$ 4,24 bilhões, representando um crescimento de 23,5% ano a ano, enquanto o Net New ARR foi de US$ 224,3 milhões, superando as expectativas dos analistas de US$ 198 milhões.
Apesar desses resultados positivos, a empresa reportou um prejuízo líquido GAAP de US$ 92,3 milhões no trimestre, em comparação com um lucro líquido de US$ 53,7 milhões no mesmo período do ano passado.
Lucros vs Estimativas Fonte: Bloomberg
Preocupações com a Projeção para o FY2026:
Para o 1º trimestre do FY2026, a CrowdStrike prevê uma receita entre US$ 1,10-1,11 bilhão, alinhada com as expectativas dos analistas. No entanto, a projeção de EPS ajustado entre US$ 0,64-0,66 ficou bem abaixo do consenso de US$ 0,96.
A projeção para o ano fiscal completo apresenta discrepâncias ainda maiores:
- Lucro operacional ajustado entre US$ 944,2-985,1 milhões, abaixo das estimativas de US$ 1,03 bilhão.
- EPS ajustado entre US$ 3,33-3,45, bem abaixo da projeção dos analistas de US$ 4,43.
Impacto da Recuperação do Apagão:
A empresa divulgou US$ 21 milhões em custos relacionados à falha de software de 19 de julho no 4º trimestre, elevando o total do ano fiscal para US$ 60,1 milhões.
Para o 1º trimestre do FY2026, a CrowdStrike estima US$ 73 milhões adicionais em despesas relacionadas ao apagão, além de US$ 43 milhões associados a programas de compromisso com clientes para reter clientes afetados pelo incidente.
O CEO George Kurtz anunciou o fim desses programas de descontos, descrevendo o 4º trimestre como o início da "história de recuperação" da empresa. Ele expressou confiança na aceleração do crescimento na segunda metade do FY2026, à medida que esses descontos pontuais forem eliminados.
Fonte: Apresentação de Resultados Financeiros do Q4 FY2025 da CrowdStrike
Apesar dos desafios recentes, a CrowdStrike mantém sua posição de liderança no mercado de cibersegurança com sua plataforma Falcon, que utiliza inteligência artificial para oferecer proteção abrangente contra ameaças sofisticadas.
O modelo de assinatura Falcon Flex continua ganhando força, impulsionando a adoção acelerada de módulos pelos clientes. Atualmente, as contas que adotaram o modelo Falcon Flex representam um valor total de negócios de US$ 2,5 bilhões, um aumento sequencial de 93% em relação aos US$ 1,3 bilhão do Q3.
No entanto, a concorrência da SentinelOne está se intensificando. Alguns analistas sugerem que a SentinelOne pode ser a maior beneficiária da falha da CrowdStrike, potencialmente ganhando participação de mercado, à medida que alguns clientes reconsideram seus fornecedores de cibersegurança.
Perspectiva dos Analistas
Após a divulgação dos resultados, várias empresas mantiveram classificações positivas, mas destacaram preocupações com a lucratividade no curto prazo.
- Wedbush manteve sua classificação Outperform, afirmando que a CrowdStrike continua sendo o padrão ouro em cibersegurança, com o impacto do apagão já ficando para trás.
- BofA Securities reiterou sua classificação Buy, destacando que os resultados foram fortes, mas alertando para a desaceleração na retenção de receita líquida e desafios em manter o crescimento de vendas adicionais.
Perspectiva Futura
Olhando para frente, a CrowdStrike enfrenta um período desafiador de recuperação, enquanto continua investindo em inovação, especialmente em capacidades de IA.
O CEO George Kurtz enfatizou o aumento das ameaças cibernéticas, observando que o tempo médio para hackers invadirem sistemas caiu para apenas 51 segundos, aumentando a demanda por soluções de segurança avançadas.
A empresa se comprometeu a alocar pelo menos 15% da receita em P&D, sinalizando um foco contínuo em liderança tecnológica, apesar da pressão sobre as margens no curto prazo.
A administração segue confiante em atingir US$ 10 bilhões em receita recorrente anual até o ano fiscal de 2031, impulsionada pelo crescimento do setor, à medida que as organizações priorizam a cibersegurança diante do aumento das ameaças e tensões geopolíticas.
Valuation
Com base em nossa análise da CrowdStrike utilizando as tabelas de sensibilidade fornecidas, desenvolvemos projeções considerando diferentes cenários de crescimento.
Principais Premissas Operacionais
- Taxa de crescimento da receita: 27,0-28,0% no período inicial
- Margem operacional: 25,0-26,0%
- Crescimento da receita terminal: 4,0%
- Custo médio ponderado de capital (WACC) terminal: 9,5%
- Preço atual: US$ 365,44
Análise de Sensibilidade do DCF
Nosso modelo demonstra a dinâmica de avaliação da CrowdStrike sob diferentes cenários operacionais:
- Cenário base: Com crescimento da receita de 27,0% e margem operacional de 25,0%, o modelo indica um valor justo de US$ 330,94.
- Cenário otimista: Um aumento no crescimento da receita para 28,0% e na margem operacional para 26,0% elevaria o valor implícito para US$ 369,92, representando um potencial de valorização de aproximadamente 1,2% em relação ao preço atual.
Na análise de sensibilidade do valor terminal, considerando diferentes combinações de WACC e taxa de crescimento, temos os seguintes resultados:
- Com crescimento terminal de 4,0% e WACC de 9,5%, o modelo sugere um valor justo de aproximadamente US$ 330,94.
- Otimização: Ajustando para crescimento terminal de 4,2% e WACC de 9,3%, o valor implícito sobe para US$ 350,53.
Fonte: Bloomberg Finance LP, XTB Research
Recomendações:
A CrowdStrike possui 55 recomendações, distribuídas da seguinte forma:
- 40 classificações de "compra", com preço-alvo máximo de US$ 475
- 13 classificações de "manter"
- 2 classificações de "venda", com preço-alvo mínimo de US$ 185
A previsão média de preço das ações para os próximos 12 meses é de US$ 413,05, implicando um potencial de valorização de 13,1% em relação ao preço atual.
Análise Técnica (Intervalo Diário):
As ações estão sendo negociadas acima do nível de retração de Fibonacci de 38,2%, que coincide com a Média Móvel Simples (SMA) de 100 dias.
- Os vendedores (bears) tentarão testar a SMA de 200 dias em US$ 333,33, com um alvo na retração de Fibonacci de 61,8% em US$ 297,79.
- Para que os compradores (bulls) retomem o controle, é necessário recuperar rapidamente a SMA de 50 dias em US$ 386,18, mirando o nível de 23,6% de Fibonacci.
O RSI, após um período de consolidação, caminha para formar uma divergência baixista, com mínimas e máximas mais baixas, enquanto o MACD continua se ampliando dentro de uma tendência de baixa.
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